Priscilla Novaes
MÚSICA & LINGUAGENS
Textos
Falar sobre Arte e Resistência é mais urgente do que nunca


Vivemos em tempos onde tudo parece padronizado. Algumas músicas tocam as mesmas notas, as casas têm as mesmas cores e design, alguns filmes e novelas contam as mesmas histórias. Até a arte, que sempre foi refúgio da diversidade e do caos criativo, está sendo moldada por algoritmos que decidem o que deve emocionar, o que deve ser bonito e, principalmente, o que deve vender. Recentemente, acompanhei um debate sobre a mudança na visão editorial. As editoras priorizam livros que vendem, quando o ideal seria priorizar aqueles que merecem ser lidos.

Quando a arte grita: Um manifesto pela humanidade
A inteligência artificial avança a passos largos e, com ela, o risco de sufocar as vozes autênticas. Não se trata de negar a tecnologia — mas de perceber que, quando tudo se torna previsível, a arte perde sua essência mais valiosa: a de surpreender, desconcertar e dizer o que não cabe nas fórmulas. E mais a arte é especial e humana pois é carregada de historias e vivencias.

Recentemente, Alok ( DJ e produtor musical brasileiro) escreveu seu nome na história de um dos maiores festivais de música do mundo, o Coachella, nos Estados Unidos. Durante sua estreia, ele enviou uma mensagem forte: “Isso não é IA”, dizia uma das frases projetadas enquanto uma coreografia sincronizada pulsava junto das batidas. Outra frase ecoava: “Mantenha a arte humana.” A performance foi tão marcante que a revista The Hollywood Reporter classificou Alok como Pessoa de Interesse. Porque num mundo cada vez mais rápido e maquinal, quem ousa dizer que a arte precisa continuar sendo humana já está resistindo.

O valor da arte além do lucro e da utilidade imediatatista
E esse não é um debate restrito aos palcos gigantes. Ele está nas nossas playlists, nas vitrines das livrarias que cada vez perdem espaço, nas salas de cinema esvaziadas, nos ateliês que se fecham por falta de incentivo. Vivemos a era do imediato, onde só vale o que é útil, rápido e rentável. E nesse cenário, o valor da literatura, da música de raízes, da poesia, das histórias que não cabem em um reels de 15 segundos parece cada vez mais ameaçado. Mas a história já mostrou: é justamente em tempos assim que a arte ressurge mais forte.
Nas canções de protesto da América Latina durante as ditaduras. Na poesia clandestina recitada em becos sombrios da Europa ocupada. Nas melodias medievais que atravessaram os séculos, como as canções cantadas pelos peregrinos no Caminho de Santiago. Em todas essas expressões, a arte não serviu apenas para entreter — mas para manter a chama acesa, para lembrar quem somos, de onde viemos e o que ainda podemos ser.

Falar sobre arte e resistência hoje é reconhecer que as expressões artísticas não são só passatempo ou distração. Elas são memória, denúncia, afeto e, acima de tudo, um ato político no sentido mais humano e profundo da palavra.

Nos próximos textos aqui no Música & Linguagens, quero te convidar a caminhar comigo por essas histórias. Por sons e imagens que atravessaram os tempos, enfrentaram regimes autoritários, crises culturais e catástrofes sociais — e, mesmo assim, sobreviveram. Porque onde houver cultura viva, haverá também resistência.

E você? Qual obra de arte, música ou livro já te sustentou em momentos difíceis? Compartilha com seus amigos este post! Porque toda história de resistência merece ser contada.
Priscilla Novaes
Enviado por Priscilla Novaes em 07/05/2025
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